quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dados do Conjunto ACM e Cabula I

Delimitamos uma área do Cabula I e do Conjunto ACM para elaborar um estudo baseado no Censo de 2000, do IBGE:



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Grupo 2 Engenho Velho da Federação - Mémorias

A ocupação populacional na região conhecida como Baixa da Égua, situada entre a Avenida Vasco da Gama e a porção central do Engenho Velho da Federação, intensificou-se a partir da década de 1960. Cerca de 20 anos antes, a AV. Vasco da Gama era uma pequena via, utilizada por quem saia da região da Liberdade, Caixa D`Água e centro para o Rio Vermelho. Em paralelo a Avenida, havia um córrego em que as pessoas lavavam roupas e pescavam. Entre as décadas de 1960 e 1970, a população de baixa renda passou a ocupar a maior parte do território as margens da Vasco da Gama.
Na época, a Baixa da Égua era um vale arborizado com nascentes de água, na qual situavam-se várias chácaras.
No local até as casas mais populares possuíam quintais com plantações, como hortas e pomares. No final dos anos 70, morava no local, em um sítio, uma senhora conhecida como Dona Ramália, natural de Ilhéus, famosa por auxiliar animais no parto, inclusive Éguas. Teria surgido daí o nome da localidade.
Com a ocupação desordenada, o inchaço populacional e a falta de Políticas Públicas, a criminalidade foi se instalando e crescendo a partir de 1980.

Fonte: Milton Moura, Professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.


Projeto Cidadão - Cabula I

O Instituto para Educação, Cultura e Desenvolvimento (Projeto Cidadão) nasceu em 05 de Janeiro de 2000, com o propósito de dar oportunidades às crianças, adolescentes e jovens da comunidade do Cabula I e redondezas, a participarem de oficinas orientadas por educadores sociais ou arte-educadores, em horário oposto ao da escola.
A instituição é uma OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Lei 9790/99): ONG com certificado emitido pelo poder público, em que se pode contratar pelas normas da CLT. São financiadas pelo Estado ou iniciativa privada e não têm fins lucrativos.
Foi fundado por Antonio Jorge, o “Toinho”, morador do Conjunto Habitacional Antônio Carlos Magalhães (Conjunto ACM) e atual presidente da associação de moradores. Nos dez anos de funcionamento, mais de 1500 jovens, chamados de “educandos”, fizeram oficinas de teatro, fotografia, dança de salão, dança moderna, futebol, futsal, grafite, artesanato, porcelana fria, artes, desenho artístico, artes plásticas, capoeira, percussão e reforço escolar.
Além dos voluntários, que recebem um salário simbólico de U$ 1,00 dólar, anual, a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a Escola Municipal Cabula I, são os parceiros que mais contribuem para a manutenção da atividade.

domingo, 26 de setembro de 2010

Entrevista com Denis Sena

A arte de Denis Sena o levou a conhecer as grandes metrópoles: São Paulo, Nova Iorque, Tóquio. Mas foi no simples mercadinho de seu Zé, entre as comunidades do Cabula I e Beiru, que ele nos deu essa entrevista, fumando um charuto típico do candomblé e tomando uma cerveja gelada.


Fale-nos da sua arte.
O grafite é uma das mais antigas formas de comunicação criadas pelo homem; a técnica de pintar as paredes das cavernas é milenar. Paradoxalmente, é uma arte efêmera por natureza, pois o desenho pode estar no muro hoje e no outro dia, não mais.
Desde 1996, experimento várias linguagens artísticas, mas sempre expresso a cultura baiana com a qual me identifico. Sigo o exemplo de Caribé, que foi um dos artistas que mais representou nossa Bahia. Minha arte, assim como a dele, tem muita influência do candomblé. Graças a ela, fui a Nova Iorque, Tóquio e agora vou para Angola.
Você faz um reconhecido trabalho educacional. Como ingressou nessa atividade?
Já tenho dez anos com projetos sociais. Em 2000, me voluntariei no Projeto Cidadão que é coordenado por Antonio Jorge, presidente da associação de moradores. Resolvemos fazer isso pela carência da comunidade, pela falta de políticas públicas e por acreditarmos na ação social sem vínculos partidários. Depois dessa experiência, escolas de outras cidades nos convidaram para implantar o projeto; semana passada estive em Santo Amaro (BA).
Como funciona o projeto?
O Projeto Cidadão é uma ONG pela qual já passaram mais de 1500 jovens. Oferecemos reforço escolar e oficinas, como as de graffite, de dança, de teatro e de outras linguagens. Tínhamos oficinas todos os sábados e cheguei a ter 30 educandos por turma. Já tivemos festival de fotografias com exposição no Banco do Brasil, mas hoje, por falta de recursos e parcerias, está meio parado e temos um número pequeno de jovens. Mesmo assim, cobramos dos pais para que acompanhem o projeto. Aqui ao lado tem uma quadra de futebol de salão que é muito disputada. Organizamos campeonatos e só permitimos a participação de quem tira boas notas. Fazemos isso porque muitos pais apostam mais no talento dos filhos no futebol do que nos estudos.
Assim como a educação, a arte também não é valorizada. A mídia, que deveria informar, faz o contrário: cria estereótipos apenas para favorecer o consumo. Isso acaba com a identidade e a autoestima das pessoas. Por exemplo, o bairro do Cabula I é remanescente de quilombolas, mas os moradores nem sabem, não se divulga isso.
O Cabula I é remanescente de quilombolas. Pode nos falar mais sobre isso?
Sim, no cabula, hoje, há uma sequência de terreiros que são frutos dos quilombolas. Há, desde a Nação Ketu, o mais antigo, até a Nação Angola, o mais popular. No bairro do Beiru, aqui ao lado, também tem muitos; Beiru foi um escravo, herdeiro de uma fazenda quilombola. Nos anos 80, renomearam o bairro para Tancredo Neves, mas o movimento negro lutou para resgatar o antigo nome. Eu, particularmente, só chamo pelo original. Sei disso porque moro aqui há mais de 20 anos e conheci o movimento negro e diversos artistas que são ativistas das culturas afro-brasileiras.

De onde vem os recursos para manter o Projeto?
Os recursos vêm de editais, mas ultimamente não participamos de nenhum. Além dos voluntários, a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) é quem mais nos apóia. Em 2003/2004, fizemos o Grafipaz, coordenado pela Doutora em educação e arte-educadora Yara Dulce. No começo, a diretora imaginava que íamos pichar o Campus todo, mas a conquistamos e mostramos que não era isso. Depois surgiram os primeiros concursos de grafite.
Vocês divulgam as atividades?
Divulgamos, principalmente, no boca a boca, mas também fazemos bate-papos nas faculdades. Na Uneb discutimos diversos temas, como o de cidadania, que envolve os direitos e deveres do cidadão, e até de meio ambiente. Aqui atrás tem uma reserva que chamamos de Horto Florestal e a universidade faz uma campanha para preservá-la. Eu já estive no Instituto Social da Bahia (ISBA), na 15ª Jornada Pedagógica. Programas de TV também gravaram aqui, já vieram o Bahia Revista e o Na Carona, da Rede Bahia. O apresentador Jony Torres me conhece; conhece o grafite de rua. Eles sempre focam nos trabalhos comunitários, pois conhecem nossa seriedade.
Já obtiveram bons resultados com as ações?
Sim, um dos antigos educandos, o Samuca, está estudando artes plásticas na UFBA. Muitos desses meninos podiam ter seguido caminhos tortuosos, mas estão aprendendo arte, apesar dos pais, muitas vezes, não darem o devido valor e o mercado em Salvador ser pequeno. O Edilson, que está aprendendo grafite e é ótimo aluno, tem seus conflitos. De vez em quando, foge de casa, mas é um bom menino e está indo bem nas técnicas.
Edilson, pode nos mostrar o que está aprendendo?
Estou apreendendo base legal de Free Style – Vômito; Traços, que são setas e letras confusas; e Bomb, em que as letras são mais arredondadas e mais fáceis de fazer. Na verdade, se praticar, nada é tão difícil. Hoje, minha vida é desenhar. Sempre penso em passar em algum lugar e ver um desenho meu.






sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Localização do Conjunto ACM - Cabula I

Saindo da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Cabula, indo em direção a Estrada das Barreiras, vira à esquerda depois do segundo semáforo.